E quando olhei no espelho, eu vi meu rosto e já não reconheci.

Não choro mais. 

Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais,

se não estou certo se alguma vez chorei.

Acho que sim, um dia. Quando havia dor.

Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora.

(Caio F. Abreu)

Não sei se foram as decepções vividas; as amizades de mentira, os amores pouco intensos, as más companhias. Não sei, sinceramente, não sei, só sei que não sei exatamente como me sinto e nem como devo agir. Não sei se devo ser eu, ou se devo mudar para ser mais feliz, para agradar as pessoas. Ou continuar sendo eu mesma, 'inagrádavel'. Devo ser como diz minha amiga: muito ingênua, vejo o que acontece, o que é me dito, mas não vejo além, não faço além. Me decepciono até o ponto em que vejo, não procuro os motivos, eu não tenho mais forças para procurar motivos, eu acho que pelo fato de que eu já me acostumei a esquecer, e não procuro saber o porque de tantas decepções e o porque de ser tão frequente. Confesso que hoje em dia tenho sido mais fria, mais preocupada, menos afável. As marcas da minha história me fizeram assim, eu não queria, mas me tornei assim. Já dizia uma música de sorriso maroto: 'hoje só Deus sabe a minha dor, eu tive que perder pra dar valor'. Só que eu cansei de ser assim, cansei de ficar com o choro preso, com falta de ar, com vontade de falar e com medo de falar. Eu só queria alguém que me ouvisse, mesmo que não me dissesse nada, queria alguém que me entendesse mesmo que fosse de mentira, queria alguém que acho que não tenho mais, alguém que me mudasse e eu nem percebesse. Ou talvez eu não quisesse esse alguém que me ouvisse, que me mudasse, que me desse atenção. Eu queria ser quem eu era, boba, chorona, mole de coração, e que não tivesse passado por tudo o que eu passei e nem tivesse vivido as dores que eu vivi. Que eu vivo. Eu precisava falar isso, eu preciso falar mais, só não encontro mais forças, nessa altura estou em frente ao pc, me acabando de chorar, e isso não é legal.